Cicatrizes
Hoje estava sentada, relaxando no salão, quando notei uma cicatriz na minha mão.
Por alguns instantes, fiquei ali olhando pra ela e tentando lembrar onde e quando a tinha adquirido.
Não consegui.
Comecei a pensar que muitos de nós também tem cicatrizes, internas ou externas, das quais não nos lembramos a origem mas que seguem ali.
Ciúme, raiva exagerada, gula, medo, vícios em geral, algumas fobias… todas estas cicatrizes foram forjadas em nosso ser e muitas vezes nem lembramos como aconteceu ou quem contribuiu pra isso.
Tudo tem uma razão, uma origem.
E como está em nós, cabe a nós decidir o que faremos com essas marcas.
Alguns de nós usam “maquiagem” e tentam disfarçar a todo custo.
Fingem não ver, não sentir, não ter…
Negam para os outros e para si mesmo.
E sofrem em silêncio.
E, se esta for a sua opção, vou te dar um spoiler: funciona temporariamente mas, hora ou outra, a maquiagem acaba ou você se cansa de usar e terá que lidar com ela.
Outras pessoas optam por travar uma guerra contra taís cicatrizes queimando-as com o ácido da vinganca, da ira, da arrogância…
E, por mais que pareçam fortes, determinadas, elas sofrem com as queimaduras da guerra que travaram, seja física, mental, emocional ou espiritualmente.
Mas há aqueles que tomam o caminho do amor e da aceitação.
Eles olham para as cicatrizes e se sentem gratos pela oportunidade de poder lidar com elas, melhorar e subir no nível da vida, evoluir, melhorar como ser humano.
Seja na terapia, com a espiritualidade ou outro método.
No começo, sofrem, se desesperam e acham que não vão conseguir.
Mas, quando olham para suas vidas e entendem como ela ficou mais leve, feliz; quando olham a sua volta e vêem quantas coisas maravilhosas conseguiram construir, atrair; as cicatrizes viram um orgulho (no bom sentido da palavra), motivo de felicidade e sorrisos, até honra e gratidão.
Hoje, perto dos 40 anos, sinto orgulho de cada cicatriz que levo no corpo e na alma.
Aprendi e aprendo muito com elas.
Ajudaram a me tornar a pessoa que sou hoje e a que estou trabalhando para me tornar.
E sou grata por isso!
