Divagações ao Amanhecer
Hoje acordei pouco depois das 5 da manhã.
E, enquanto esperava amanhecer, admirava meu filho.
Seu rosto tão relaxado, tranquilo, seus traços, cabelos.
Tudo me parecia tão perfeito que, permaneci, sem perceber, pouco mais de 30 minutos assim.
Ultimamente, tenho pensado muito sobre a responsabilidade de estar preparando um ser humano para o mundo.
Em alguns anos, meu filho será uma pessoa que vota e se relaciona com outras pessoas, de diversas formas.
E, até que ponto a criação que ele receber, as coisas que fazemos, falamos, o modo como nos comportamos, as escolhas que fazemos, influenciará neste adulto?
Pensei no quanto ter optado por fazer (e continuar fazendo) terapia há quase 10 anos, está me ajudando a lidar com todas as culpas e questionamentos maternos que costumamos ter diversas vezes ao dia.
Lembrei de como me preparei para a chegada dele e, quando ele chegou, descobri que nenhuma preparação seria o bastante porque era tudo novo e cada ser humano é único.
Uma das coisas de que mais me lembro da infância é de como as pessoas a meu redor reclamavam: do trabalho, do tempo, do dinheiro, da vida.
E o quanto esta infelicidade moldou minhas decisões.
Cresci acreditando que a felicidade dependia totalmente do outro: do meu parceiro, da minha contratante, de Deus (no modo como tinha aprendido que ele era).
Então, passei muitos anos sendo uma pessoa muito infeliz.
Obviamente, isso não foi muito bom pra minha saúde mental.
Tive que ir no fundo do poço para entender que merecia uma chance de tentar e fazer tudo diferente.
E se eu tomasse a responsabilidade pra mim?
E ali eu parei de culpar os outros.
E parei de depender das coisas fora de mim.
Então, comecei a buscar ver as coisas de novos ângulos, as novas possibilidades, e minha revolução pessoal começou.
Aos poucos fui entendendo que quando eu estava bem, as coisas a minha volta iam ficando também.
E fui construindo a minha felicidade e nada mais foi o mesmo.
Quando dei por mim, estava vivendo as coisas que colei em um quadro no quarto inicialmente escuro em que vivia anos atras.
Conheci pessoas novas que tinham prazer em compartilhar da minha presença.
Tomei novos rumos na minha carreira e comecei a pegar mais leve comigo.
Construí um lar feliz.
Dentro e depois fora de mim.
E foi ai que me dei conta que, nesta minha construção contínua e eterna do que é felicidade, quebrei ciclos familiares e construiu lar feliz.
Então divaguei que o segredo para criar uma boa pessoa talvez seja tentar melhorar todos os dias e ser feliz, ser uma inspiração no lugar onde estiver, viver sua verdade.
Dar a ela oportunidade de se tornar quem quiser, com seus próprios conceitos, respeitando também a liberdade e limites do outro.
Não estou dizendo que sou uma mãe perfeita.
Ninguém perfeito está encarnado aqui.
Cometo erros todos os dias e sigo sempre me questionando como posso ser melhor e não cometê-los mais.
Mas, no amanhecer de hoje, levantei com a certeza de que estou dando o meu melhor.
E continuarei neste percurso, todos os dias.
Levantei animada para construir este novo dia.