Representatividade importa
Quando eu era criança, via nos filmes aquelas lindas bonecas de pano com cabelos dourados ou ruivos, que eram passadas de geração em geração e sempre se pareciam muito com quem recebia.
Achava lindo!
Sempre tive muitas bonecas e ursos de pelúcia.
Mas nenhuma boneca que contivesse meus olhos grandes, nariz largo, lábios carnudos e pele negra.
Não entendia a importância da representatividade até a nova geração chegar e começar a falar do assunto nas redes sociais, TV, jornais…
Então lembrei que a única negra que via na TV era a Glória Maria.
Coincidência ou não, entrei para o mundo da Comunicação.
Lembrei de ser a exceção no colégio, na faculdade e no meio em que vivo…
Fiquei pensativa.
Encontrei uma artesã que faz bonecas personalizadas e vi uma negra.
Escrevi pra ela: “Eu tenho um sonho de ter uma boneca como eu. Quero me ver nela! Aos 34 anos.”
E aqui está a pequena Kassia.
Hoje começa uma tradição na minha família!
Esta boneca será repassada para meus filhos, a quem vou contar sobre minha bisavó Índia que foi arrancada do Mato para se casar.
E da minha avó, lavadeira, que teve 12 filhos e luta por eles até hoje.
E da minha mãe, uma das primeiras negras a ingressar na polícia civil, que fugia para estudar porque tinha um sonho.
E de mim, que desde criança sonhava em ser artista e encantar o mundo através da poesia, letras de música, desenhos, artigos, livros…
Meus filhos vão nascer em um mundo onde poderão se ver nos veículos de comunicação, nos desenhos, na música.
Eles vão saber que tem capacidade de chegar onde quiserem!
Gratidão, nova geração!
Aqui começa uma nova etapa da minha vida!